[Resenha] Filho da Noite


 FILHO DA NOITE

Antonio Calloni | Editora Valentina | 160 páginas | 2020
Recebido em parceria com a Editora


Nessa publicação, o ator e escritor Antonio Calloni traz uma história bem diferente e inquietante. Diferente, por sua linguagem, que se alterna a partir de cada personagem, sem medo de julgamentos ou privações pelas fronteiras habituais; inquietante pela própria trama, pelo suspense e por tudo quanto o texto remexe nossa mente.

Agenor, um velho muito sistemático e recluso, vive em meio aos papéis dos clientes que assessora como contador. Num ambiente enfadonho, seja pelo trabalho ou reclamações entediantes ao telefone, seu oásis encarnado é Cinira, a empregada que salvou sua vida.

Agenor conta que estava prestes a cometer suicídio quando Cinira bateu à porta pedindo emprego e interrompeu o que seria seu último ato. Desde então ela trabalha na velha casa e tem uma relação meio estranha com Agenor, já que também lhe presta favores sexuais.

Mas Cinira tem um sonho, que é se casar com o noivo. E esse noivo tem um grande desejo, que é descobrir o que há num quarto da casa de Agenor no qual ninguém pode entrar. Na verdade a desconfiança é que nele haja algo muito valioso ou qualquer coisa que sirva para chantagear o velho.

Na segunda parte do livro o protagonista é Antônio, um policial civil que tem uma vida cheia de conflitos internos, oscilando entre a banalidade de relações superficiais e a própria consciência de si e seus valores. Questões de sanidade mental e a afetividade são levantadas através de um personagem que tenta se encontrar.

Calloni me surpreendeu através de um texto que não é muito direto, mas estimulante. Tem muitas vertentes sendo colocadas para pensarmos e discutirmos. Dou parabéns ao autor pela história, e à editora por ter trazido um projeto gráfico de ótima qualidade, com uma capa muito agradável ao toque.

 



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