Este livro foi para mim uma grata satisfação, mostrando, com leveza e especial sensibilidade, o desenvolvimento da personalidade de Simone de Beauvoir durante sua juventude.

Desde a sua transição da infância para a adolescência Simone já dava sinais de que seria uma mulher que abriria muitas portas para tantas outras na sociedade patriarcal da época. Ela não se curvou diante dos preconceitos e da pressão dos pais, que insistiam que deveria se preparar para o casamento e as atividades do lar, e dedicou-se aos estudos e a formação acadêmica, tornando-se uma das mais exemplares alunas.

Inteligente, sagaz, sensível e ponderada inspirava, por vezes, as ideias filosóficas de Jean Paul Sartre, com quem se relacionou por muito tempo de uma forma bem peculiar.

De espírito livre, apesar de uma sociedade que busca aprisionar, Simone tentava encontrar um lugar de equilíbrio em seu comportamento, mas acima de tudo sem perder a autenticidade e a verdade que brotava dos seus sentimentos. Muitos conflitos ocorriam pelas suas concepções e as de Sartre, mas nenhum capaz de separá-los, o que gerou uma história de amor única.

A construção das relações também sofre as influências dos conflitos da segunda guerra mundial e a ocupação da França pelos nazistas. Muitas restrições são impostas, sobre os recursos básicos e às liberdades, além do afastamento de Sartre, convocado ao fronte.

Os amigos, a família, os amores e a sociedade, todos esses elementos componentes da vida, que moviam e inspiravam Simone, foram colocados magistralmente, por Caroline Bernard, neste livro; numa espécie de biografia romanceada muito gostosa de ler.

É uma recomendação de leitura que faço para se emocionar e inspirar, mas também buscar as obras de Simone e conhecer a força de suas ideias.