CONHECIMENTO E POLÍTICA
Roberto Mangabeira Unger | Leya | 432 páginas | 2022
Recebido em parceria com a Editora
A filosofia e a política estão presentes em quase tudo com o que lidamos diariamente, e nas mais diversas esferas das relações sociais.
Este ensaio é um ato de esperança. Aponta em direção a uma espécie de pensamento e a um tipo de sociedade que ainda não existe e talvez nunca venha a existir. Por isso este trabalho é antes um esboço que a expressão definitiva de uma doutrina. Não pretende ser a formulação de uma metafisica nem a discussão de problemas políticos concretos. Em vez disso, procura realizar uma tarefa menor mas que antecede aquela: servir à compreensão do contexto de ideias e sentimentos dentro do qual a filosofia e a política se devem, agora, praticar.
Estes elementos do raciocínio e da convivência humana, mesmo quando ignorados pela percepção consciente, se fazem presentes, mesmo que de maneira sutil, nas conversações e na forma como resolvemos nossos problemas. A noção e a compreensão que temos sobre tais estruturas dão forma à sociedade em que vivemos, por isso é tão importante entender a abrangência dessas ferramentas humanas e como elas são manipuladas com o objetivo de se alcançar resultados muito específicos, nem sempre os mais saudáveis à coletividade.
“Nas ideias que ela tem de si mesma e da sociedade humana, como em todas as suas outras experiências, a mente oscila entre o domínio e a escravidão. Através de um impulso irresistível, semelhante à atração que a morte exerce sobre a vida, o pensamento repetidamente utiliza os instrumentos de sua própria liberdade para acorrentar-se. Mas quando a inteligência quebra essas correntes, a liberdade que conquista é maior que a que perdeu e o esplendor de seu triunfo supera sempre a miséria da sujeição anterior. Fortifica-se com as próprias derrotas. Assim, na história do pensamento, tudo acontece como para nos lembrar de que a morte, ainda que permanente, é sempre a mesma, enquanto a vida, embora passageira, pode sempre elevar -se a novas alturas.”
Mangabeira, com este trabalho, busca pôr luz aos conceitos dessas ferramentas sociais, nos impulsionando ao raciocínio da estruturação das sociedades e que mudanças poderíamos vislumbrar.
Trata, também, da necessidade de correção desses sistemas ao longo do tempo, e da incoerência daqueles que têm a pretensão de fazer-nos crer que solucionarão as questões sociais, por si só, mas não podem sustentar tal promessa diante de um mecanismo de análise, como numa conta que não fecha.
Uma leitura mais complexa, porém honesta, principalmente neste tempo de promessas políticas vazias, supérfluas e de desunião.
O aprimoramento do debate só tem à contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, e Roberto Mangabeira faz isso.
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