[Resenha] A Democracia dos Ausentes

A DEMOCRACIA DOS AUSENTES - Um exercício de cidadania

Rafael Moia Filho | Scortecci Editora | 204 páginas | 2022
Livro cedido pelo autor

É com satisfação que trago, através desta resenha, um apanhado do conteúdo deste livro e as minhas impressões. Talvez não houvesse melhor momento, dentro do contexto histórico da democracia brasileira, para se demonstrar a ampla importância do nosso processo eleitoral e o valor atrelado às escolhas sensatas no que se refere aos resultados para o futuro da nação.

Moia demonstra, sob vários aspectos, a construção de um modelo eleitoral que tem o objetivo de garantir a vontade popular nas esferas executiva e legislativa, desenvolvido no decorrer do nosso ainda pequeno período democrático.

O autor percorre pela constituição e pelo código eleitoral, explicando e esclarecendo aspectos técnicos e sociais que regem, ou pelo menos deveriam guiar, a nossa sociedade por um caminho de progressos e idoneidade.

Moia não se prende apenas aos ritos legais, pois procura demonstrar as consequências de algo muito corriqueiro entre nós: o abandono à participação política. Isto abrangendo desde aqueles votos de “protesto" nas figuras mais esdrúxulas, até a abstenção.

“Eles deveriam impelir o eleitorado a discutir seus programas de governo de uma forma transparente e direta. É imperioso que os políticos subtraiam de seus discursos o moralismo hipócrita, o casuísmo, a agressão covarde, o fake news e toda e qualquer forma ardilosa destinada a evitar a discussão das ideias contidas em seus estatutos e nos seus programas de governo.”




Fica claro, após suas ponderações, o quanto tais comportamentos adotados por nós eleitores tornam precário o quadro gestor da política brasileira, elegendo os mais célebres desqualificados para cuidar da nossa casa.

Informação é garantia! Saber a vida pregressa, a atuação política e social dos candidatos, conhecer os critérios que os elegem, além de procurar não votar pelo viés da vingança e do rancor podem ajudar a qualificar melhor o quadro político que administra nosso país, nosso estado ou município, juntamente com a fiscalização do cidadão sobre o candidato que elegeu.

“Isso é história, isso é a verdade de um país que nunca teve um sistema de regime comunista, mas que teve governos de centro direita na maioria dos períodos desde 1889, e a chamada esquerda governou entre 2003-2016. Portanto, se reveste de muito desconhecimento dizer que poderemos ou estivemos na iminência de viver um sistema de governo comunista. Coisa de gente mal instruída, mal intencionada, muito mal informada e que, ao tentar justificar governos ruins, tentam amedrontar as pessoas simples e sem estudo com essa falsa alegação de regime comunista.”

Moia nos faz concluir que não se deve demonizar a política, pois é ferramenta da democracia, é a maneira de estabelecer e regrar o diálogo que dá voz às nossas necessidades e aspirações. Abandonar ou abrir mão da política é se calar e aceitar apenas a vontade de outros. Não se fazer representado é deixar de ser indivíduo e se transformar naquilo que outro quer que você seja, perdendo sua identidade.

O livro traz toda uma parte legal necessária para entendermos o ordenamento jurídico do nosso sistema político e social, mas vai muito além disso com um chamamento à nossa consciência como cidadão e construtor da democracia, ou seja, temos total responsabilidade sobre o estado em que se encontra o nosso país, já que existem corruptos e corruptores, e todos aqueles que já estiveram e que hoje se encontram administrando a sociedade Brasileira foram escolhidos por nós.

Devo por fim dizer que este livro presta grande serviço a população mas que, infelizmente, tendo em vista nossos níveis educacionais, parte considerável dessa mesma população não busca e nem consegue compreender a essência da democracia, e acaba caindo sempre na cilada do populismo e nas teorias de conspiração.



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