A mulher desiludida é uma obra que reúne três rápidos contos da autora. Descreve uma dura realidade que se impõe à mulheres maduras que, de maneiras diversas, se veem obrigadas a lidar com situações muito severas, quando já acreditavam não mais ter que rever seus conceitos sobre coisas pretensamente estabelecidas.

O primeiro conto é A Idade da Discrição, onde uma mulher intelectualizada passa a acreditar que seu marido está perdendo o interesse por ela. Ele se mostra desestimulado pelo trabalho, com um certo declínio de sua produção científica. Além disso, o filho que se casou recentemente, abandona os estudos para trabalhar com o sogro, indo contra todos os planos

que ela havia sonhado, e a fazendo colocar em dúvida o caráter dele.

O segundo conto, Monólogo, traz o desabafo e lamentos de uma mãe em luto, que busca alguma confirmação de que tenha sido zelosa em todos os seus papéis, apesar do suicídio da filha, da separação e de todas as relações conturbadas que possui. Existe um tom de revolta, com a exigências socias, e de culpa, ao mesmo tempo.

Já no último, A Mulher Desiludida, sentimos o drama e a agonia de uma mulher que passa a acreditar que toda a sua vida, e o que até ali aconteceu, era na verdade mentira. O casamento, a relação com as filhas, todas as convicções caindo por terra após descobrir uma traição do marido. Ela passa a dividi-lo com a amante, enquanto perde toda a dignidade que pensava possuir.

Todos os textos nos permitem grande reflexão sobre a postura que a mulher teve e tem na sociedade. Toda a pressão sobre elas, sobre serem exemplares. Mostra o quanto é tênue a linha que separa o amor da obsessão e o preço que uma mulher pode pagar por se anular.

Uma leitura necessária para homens e mulheres; sensível e visceral ao mesmo tempo. Atual e recorrente.