[Resenha] Crepúsculo dos Ídolos


CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS

Friedrich Nietzsche | Nova Fronteira | 136 páginas | 2021
Recebido em parceria com a Editora


Este é o primeiro título de uma feliz parceria da qual temos a honra de participar. Trata-se da coleção “Clássicos de Ouro”, da editora Nova Fronteira, que traz grandes nomes da literatura mundial, nos presenteando com o mais diverso conhecimento.

Crepúsculo dos Ídolos é um desafio pessoal, pois se trata de minha primeira experiência com o escritor prussiano, que possui ideias controversas, que motivam as mais diversas discussões e divergências.

Não ouso, de forma alguma, esgotar o sentido de seus pensamentos, devido ao pouco conhecimento de toda a sua obra, mas tentarei, de maneira sucinta, explanar o que pude apreender desse texto.

Nietzsche classifica o homem por dois comportamentos, apolíneo ou dionisíaco, brevemente classificados em razão e emoção.

O autor faz as mais variadas críticas a célebres pensadores, não considerando consistente a filosofia que embasa ideias em elementos não palpáveis ao homem.

Coloca a igreja e vários sentimentos idealizados pelas religiões como empecilhos ao desenvolvimento de grandes pensadores e daqueles que podem construir sistemas sociais mais adequados, sob sua ótica.

Ele acredita que as potencialidades individuais só podem emergir, plenamente, se o ser humano deixar de ser influenciado por valores e posturas de comunhão, já que o pensamento crítico e a condução da sociedade, para ele, não é de capacidade de qualquer um.

O filósofo critica a indulgência humana, o arrependimento, o medo (às coisas de Deus), e parece, com isso, desconsiderar a empatia como valor de elevação a ser alcançado, e sim o oposto disso: qualidades limitantes que causam a atrofia e a alienação do homem, reduzindo drasticamente as potências, que em seu juízo, movem o ser humano.

“Quando o anarquista, como porta-voz das camadas sociais em decadência, reclama com “bela indignação” o direito, a justiça, a igualdade, fala sob a pressão de sua incultura, que não sabe compreender que sua pobreza consiste... na pobreza da vida. Há nele um instinto de causalidade que o impele a discorrer assim: “Alguém deve ter culpa do meu mal estar.” Essa “bela indignação” lhe faz já um bem por si só, é um verdadeiro prazer para um pobre diabo poder injuriar, no que encontra certa embriaguez de poder.”

Em especial, Nietzsche fortemente rechaça os valores da igreja, como fatores irrelevantes para o entendimento do mundo e das relações humanas, mas como correntes que limitam as pessoas. As habituais virtudes relacionadas por seus antecessores são colocadas à margem daquilo que considera importante.

“ toda a moral de aperfeiçoamento, inclusive a moral cristã, foi um erro. Buscar a luz mais viva, a razão a todo preço, a vida clara, fria, prudente, consciente, despojada de instintos e em conflito com eles, foi somente uma enfermidade, uma nova enfermidade, e de maneira alguma um retorno à virtude, à saúde, à felicidade. Ver-se obrigado a combater os instintos é a fórmula da decadência, enquanto que, na vida ascendente, felicidade e instinto são idênticos.”

É sempre importante conhecer pontos de vista antagônicos, e o momento histórico em que se desenvolveram, a fim de compreender os acontecimentos e a evolução da sociedade. O debate, sob bases de respeito e aprendizado, inegavelmente nos aprimoram




Nenhum comentário

Não saia sem deixar um recadinho pra nós!