[Resenha] Querida Kitty

QUERIDA KITTY

Anne Frank | Zahar | 320 páginas | 2021

"Querida Kitty" é o romance epistolar que Anne Frank escreveu dentro de seu diário e que pretendia publicar em separado quando a guerra acabasse. Infelizmente, ela não sobreviveu, porém setenta anos depois, o seu desejo é concretizado e o romance ganha uma edição belíssima com todo cuidado e capricho pela Zahar.

Em 1942, a perseguição aos Judeus na Holanda ocupada pelos alemães era cada vez mais crescente, com isso Anne Frank e sua família, juntamente com mais quatro pessoas, se esconderam em uma casa nos fundos do prédio onde funcionava o trabalho de seu pai. "A Casa dos Fundos". 

"De domingo de manhã até agora parece uma eternidade, aconteceu tanta coisa que a sensação que dá é de que o mundo passou a girar ao contrário."




Por dois anos a família Frank, juntamente com os van Pels e o dentista Fritz Pfeffer se refugiaram no pequeno Anexo e foi neste período que Anne registrou a vida no esconderijo, as dificuldades e o desejo de publicar o romance assim que a guerra terminasse.

"Sábado é o dia pelo qual esperamos sempre ansiosamente, porque é dia de livros, até parecemos crianças quando recebem um pequeno presente. As pessoas comuns não sabem o quanto os livros significam para quem está isolado. Ler, estudar e ouvir rádio são as nossas únicas distrações."

As cartas contendo o relato de Anne eram direcionadas a Kitty, uma amiga imaginária. E nelas podemos conhecer seus sentimentos, o relacionamento e a rotina com as pessoas da Casa dos Fundos, os conflitos e toda incerteza e medos diante da guerra.

"Estou muito calma e não me importo mais com toda essa agitação. Cheguei a um ponto em que já não me interessa muito se morro ou se continuo vivendo. O mundo vai continuar girando sem mim e, de qualquer forma, eu não tenho como influenciar os acontecimentos."





É possível, durante a leitura, conhecer todo talento de Anne e toda sensibilidade em suas palavras, além de seu amadurecimento durante o confinamento.  É emocionante a descrição feita por ela desse período e imaginar como era a vida no esconderijo e fora dele.  


"Quem mais além de mim vai ler estas cartas no futuro? Quem mais além de mim vai me confortar? Porque muitas vezes preciso de conforto, muitas vezes não sou forte o bastante e falo mais do que faço. Sei disso e tento melhorar sempre, todos os dias de novo."

A edição está maravilhosa, com todo cuidado e perfeição merecidos. Uma leitura emocionante!






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