Nilo Barroso nos traz histórias aparentemente cotidianas, mas com um olhar mergulhado na profundidade necessária para se ir além do habitual, com a possibilidade de plenamente sentirmos os medos e as mais diversas emoções nas relações humanas, com sua privacidade quebrada pela ousadia em se perscrutar mais do que se pode ver.

Em O Punho Do Destino, acompanhamos a reviravolta do protagonista, que vê sua pacata vida se transformar num constante frio na espinha. 

Um professor de meia-idade, que em dúvida sobre suas escolhas, acaba envolto numa relação de grande risco ao se encantar por uma mulher casada. O marido exerce alguma atividade ilícita e está sempre acompanhado de um capanga; tem má fama de nervoso e matador, mas a paixão e o desejo são tão arrebatadores que o tal amante não consegue dela se afastar. 

A relação se torna extremamente perigosa quando o marido os flagra em uma conversa bem suspeita e, em seguida, o convida para uma caçada. Seria uma emboscada sendo armada para o professor? 

O desfecho é surpreendente e inesperado! 

Já Badulaques reúne quatro contos: Tão Felizes, Então!, O Olho De Deus, O Siso E O Verão e o homônimo Badulaques. 

Vou falar um pouco dos dois que mais gostei, que são Tão Felizes, Então! e Badulaques. 

Em Tão Felizes, Então! o autor vai descrevendo a rotina escolar de um jovem que tenta extravasar suas emoções. O auge dessas sensações se projeta na possibilidade de uma relação amorosa com uma garota mais atirada e experiente. Mas ela sempre lhe priva do auge dessa pretensa relação ao nunca deixar que ele chegue ao ponto que aspira. 

Sempre fica no ar a dúvida se o que existe é amor ou desejo, num intenso jogo de desafio na exploração dessa relação. 

Badulaques parece explorar um dilema bem comum aos humanos, calcado na diferença existente entre o que se é e o que se deseja ser. 

Com um homem atormentado pelo desejo do adultério e também pela culpa, ele passa a ponderar suas ações sob a ótica do que lhe espera em casa: a esposa e o filho pequeno. 

E deverá decidir entre o desejo carnal e o sublime amor, sob a pena de cair na reincidência egoísta do desejo lascivo. 

Foi uma grata surpresa os textos de Nilo Barroso, já que mergulham na alma dos personagens e também de nós mesmos.