#LendoPoe | O Coração Delator

 Olá, leitores!!!

Hoje trago mais um conto pelo projeto #LendoPoe e nós vamos conversar um pouquinho sobre "O Coração Delator", publicado pela primeira vez em 1843.

Este projeto é realizado junto com o blog Leitura Enigmática e eu convido vocês a passarem por lá para conhecerem a opinião do Gustavo também.



"Verdade! Nervoso - muito, terrivelmente nervoso fui e sou; mas por que dirá que sou louco? A doença apurou meus sentidos, nãos os destruiu, não os amorteceu. Acima de tudo, tornou aguda minha audição. Ouço qualquer coisa, no céu e na terra. Já ouvi muito no inferno. Como, então, posso estar louco?"

"O Coração Delador" traz uma trama cheia de suspense com a mente fértil de um homem que apesar de afirmar não ser louco, tem todos os indicativos de que o é. 

Nosso personagem mora com um senhor já em idade avançada, no entanto, ele não suporta mais a tortura de todos os dias ter que olhar para o olho azul, pálido e embaçado do velho, que lhe congelava o sangue. A obsessão chega ao ponto dele passar a tecer vários planos para se livrar da situação, ou melhor, do olho.

Passou a noite pós noite a entrar no quarto do velho e a espreitar o olho, a espera de uma oportunidade que não vinha. Até que uma noite, o senhor acorda sobressaltado e o pavor toma conta de seu coração já cansado, que faz com que as batidas sejam cada vez mais altas. Tão altas que entram na mente de nosso narrador e fazem com que ele cometa um desatino. 

Já não lhe falei que o que você confunde com loucura é tão somente uma exacerbação dos sentidos? Pois digo que, naquele momento, meus ouvidos identificaram um som embotado, como o que um relógio produz quando envolto em algodão. Também conhecia bem esse som. Era o pulsar do coração do velho.




Aqui teremos mais um conto onde a insanidade exerce um papel dominante nas atitudes de um homem. Os aspectos psicológicos são fortes e o narrador afirma que ama o velho, não há motivação para causar o mal, mas olho, esse sim, é maligno e culpado de seu nervosismo. 

É bem recorrente nas obras de Poe a menção aos olhos e a análise simbológica dos mesmos, como sendo um portal para alma do indivíduo. E nesse conto, segundo o narrador, o olhar do velho o perturbava aos extremos. Algo bem simples, mas que produz um efeito bizarro no personagem. 

Outro elemento importante é o quanto a audição reflete o sentimento de culpa do narrador. A tal ponto das batidas de um coração delatar todo seu delito. E acho que vale uma reflexão nesse ponto da história. 

"O Coração Delator"  é um dos melhores contos de Poe e mostra a genialidade do autor e sua capacidade de criar mentes sórdidas. Um conto curtinho e extremamente impactante. 





Edgar Allan Poe - Medo Clássico 1


Editora DarkSide Books


Conto: O Coração Delator









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