Olá, queridos leitores!!!
Hoje começo mais uma etapa desse projeto maravilhoso realizado com os amigos e parceiros, a Ana, do Café com Leitura, a Amanda, do Blog Sobre a Leitura e o Gustavo, do Leitura Enigmática.
E esse ano mais especial ainda por se tratar do centenário de Clarice Lispector!!
Portanto o primeiro conto do ano será "Uma Galinha". Vamos conversar um pouquinho à respeito dele?
Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
O conto ocorre em um domingo e tem-se a galinha que seria o almoço da família, só que ela foge pelos telhados e é perseguida pelo dono da casa.
Após ser resgatada, a galinha, diante de tamanha tensão, bota um ovo. Ai tudo muda, ela passa a ser o centro das atenções da casa.
Uma Galinha trata-se de um texto figurativo, um mundo representado pelas figuras da galinha, do ovo e do dono da casa.
Entendo que o conto de Clarice trata da condição feminina na sociedade nos anos 60, representada pela galinha. O texto usa de expressões que caracterizam a mulher, ou seja, a mulher passiva, retraída e doméstica. Totalmente a mercê dessa sociedade que decide o seu destino. Mesmo sonhando com um outro futuro, ela é hesitante e medrosa.
Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
Ainda dentro do contexto feminino da época, temos a figura do ovo, que salva a galinha de ir pra panela. Um filho prematuro, porém uma mãe já habituada à situação de maternidade. Representando o olhar da sociedade para com a mulher e o seu papel.
É incrível como Clarice nos presenteia com textos fascinantes, figurativos e muito significativos. Não posso dizer que ler as obras da autora seja uma tarefa fácil, mais do que ler, é preciso interpretar, sentir e viver Clarice.
Por isso considero a autora tão mágica!
CLARICE LISPECTOR - Todos os Contos
Editora: Rocco
Ano: 2016
Páginas: 656
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