Olá, pessoal!! Como estão?
Hoje é dia do projeto maravilhoso #12MesesComClarice2019, do qual participo com os blogs amigos: Café com Leitura, da Ana, blog Sobre a Leitura, da Amanda e Leitura Enigmática, do Gustavo. E hoje também é nosso último post do ano!
E o conto do qual vou falar é "Amor".
"Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tricô, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde começou a andar. Recostou-se então no banco procurando conforto, num suspiro de meia satisfação."
O conto gira em torno de Ana, mãe, esposa e dona de casa, que ocupa seu tempo cuidando de sua família e dos afazeres domésticos.
Nossa protagonista encontra-se dentro de um bonde voltando das compras do dia. E é nesse profundo momento de epifania de Ana que vamos conhecer sua vida.
Ele mascava goma na escuridão. Sem sofrimento, com os olhos abertos. O movimento da mastigação fazia-o parecer sorrir e de repente deixar de sorrir, sorrir e deixar de sorrir — como se ele a tivesse insultado, Ana olhava-o. E quem a visse teria a impressão de uma mulher com ódio.
A personagem ao observar um cego que mascava chiclete e sorria, reflete sobre sua própria vida. Mãe dedicada a família e sempre procurando manter as coisas dentro da ordem, ela percebe que o mundo vai além de seu apartamento.
Ana passa a analisar sua vida de antes do casamento e a de agora. E, apesar de toda sua dedicação a casa, contudo, havia a "hora perigosa". Hora que a casa ficava vazia e ela podia concentrar-se em si mesma. E nesse momento de reflexão, é clara a insatisfação de Ana, porém há também a conclusão de que "sem felicidade se vive". Ou seja, houve uma escolha e agora há a responsabilidade e a aceitação com seu atual momento.
Esse foi um dos contos que mais gostei de Clarice por seu significado por trás das palavras. É incrível como a autora consegue mexer tanto a gente.
Ana representa a mulher que cumpre seu papel na sociedade, casando, formando uma família e sendo mãe. Tudo certo e conforme manda a regra.
O cego vem em forma de uma metáfora, o chiclete que ele masca em um vai em vem constante, nada mais representa que a vida de Ana e seus afazeres como esposa e mãe. Nada fora do lugar.
E um momento de epifania ela sente a necessidade de sair de tudo isso e mudar sua vida. Mas ao mesmo tempo existe o amor por sua família.
Eles rodeavam a mesa, a família. Cansados do dia, felizes em não discordar, tão dispostos a não ver defeitos. Riam-se de tudo, com o coração bom e humano. As crianças cresciam admiravelmente em torno deles. E como a uma borboleta, Ana prendeu o instante entre os dedos antes que ele nunca mais fosse seu.
E assim encerro esse ano com Clarice, mas é claro que não vou deixar de trazer mais textos de Clarice por aqui.
Espero que tenham gostado!!
CLARICE LISPECTOR - Todos os Contos
Editora: Rocco
Ano: 2016
Páginas: 656
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