Olá!!
Hoje é dia de #12MesesComClarice2019, projeto delicioso do qual participo com os blogs amigos: Café com Leitura, blog Sobre a Leitura e Leitura Enigmática.
O conto é Eu e Jimmy!
Lembro-me de Jimmy, de seus cabelos e de suas ideias. Jimmy achava que nada existe de tão bom quanto a natureza. Que se duas pessoas se gostam nada há a fazer senão amarem-se, simplesmente.
Eu e Jimmy é curtinho, simples e com características próprias de um conto de transição. Aqui temos as contradições do amor e a luta da mulher para sair do campo de inferioridade e submissão.
Logo no início nossa narradora, diante de Jimmy, afirma que quando duas pessoas se gostam, bastam amarrem-se e pronto. Para logo depois, lembrar das amarras de um relacionamento, citando sua mãe.
Mamãe antes de casar, segundo tia Emília, era um foguete, uma ruiva tempestuosa, com pensamentos próprios sobre liberdade e igualdade das mulheres. Mas veio papai, muito sério e alto, com pensamentos próprios também sobre…liberdade e igualdade das mulheres!"
Com o tempo, o conhecimento traz a libertação em si. Jimmy passa a ser visto por outro ângulo.
Juntamente com os estudos sobre Hegel abrem-se novos horizontes e a narradora passa a observar o professor... Jimmy torna-se superficial demais. E ele não aceita essa nova realidade, sinceramente confessada pela moça.
O conto demonstra as contradições do amor e a luta da mulher para sair do campo da inferioridade e da submissão. Séculos de imposição sobre o comportamento espelhado da mulher diante do homem.
É um conto bem curto e acho que até poderia se estender um pouquinho mais, mas em se tratando de Clarice é perfeito. De modo bem clariciano e bem humorado, uma crítica à submissão voluntária das mulheres em seus relacionamentos.
Que podia eu fazer, afinal? Desde pequena tinha visto e sentido a predominância das idéias dos homens sobre a das mulheres."
O mais interessante no conto, é que para essa personagem, diferentes de outras de Clarice, não há sofrimentos, as coisas simplesmente acontecem da forma mais natural possível. Ela começa, olhando o mundo pelos olhos e ideias do ser amado, e de forma gradual, diante do conhecimento adquirido, ela liberta-se e começa a olhar o mundo de forma diferente.
Minha avó, uma velhinha amável e lúcida, a quem contei o caso, inclinou a cabecinha branca e explicou-me que os homens costumam construir teorias para si e outras para as mulheres. Mas, acrescentou depois de uma pausa e um suspiro, esquecem-nas exatamente no momento de agir... Retruquei a vovó que eu, que aplicava com êxito a lei das contradições de Hegel, não entendera palavra do que ela disse. Ela riu e explicou-me bem-humorada:Minha querida, os homens são uns animais."
CLARICE LISPECTOR - Todos os Contos
Editora: Rocco
Ano: 2016
Páginas: 656
Autora de romances e contos que figuram entre os mais emblemáticos da literatura brasileira, Clarice Lispector é considerada uma das mais importantes escritoras do século XX. Sua popularidade alcançou níveis surpreendentes nas últimas décadas, especialmente após o fenômeno da internet, mas sua figura e sua obra seguem exercendo sobre leitores o mesmo e fascinante estranhamento que causaram desde sua estreia literária, em 1943. Nesta coletânea, que reúne pela primeira vez todos os contos da autora num único volume, organizado pelo biógrafo Benjamin Moser, é possível conhecer Clarice por inteiro, desde os primeiros escritos, ainda na adolescência, até as últimas linhas. Essencial para estudantes e pesquisadores, para fãs de Clarice Lispector e iniciantes na obra da escritora, Todos os contos foi lançado nos Estados Unidos em 2015, figurando na lista de livros mais importantes do ano do jornal The New York Times e ganhou importantes prêmios, como o Pen Translation Prize, de melhor tradução. Agora é a vez de os leitores brasileiros (re)descobrirem por completo esta contista prolífica e singular.
Não deixem de passar nos outros blogs participantes do projeto e conferir as opiniões.
É incrível como a Clarice se tornou uma figura imortal na literatura, né? Só consigo amar ❤❤❤❤❤
ResponderExcluirOi Fernanda, boa noite.
ResponderExcluirGostei de seu ponto de vista, mas lhe confesso que esse conto não me agrada. É um dos contos de Clarice que não fala comigo. E, olha que eu li por duas vezes e tentei me libertar dessa sensação de 'não desce'.
Ao mesmo tempo que ela se liberta do tal Jimmy, a maneira como ocorre a narrativa não me permite compreender o interesse que ela sente por ele. É uma pessoa insossa desde o momento em que aparece na trama. rs
Mas a crítica social feita é interessante, mas é tão breve que, para muitos leitores, quase passa despercebida. Pensar que o casamento era saída para as inquietudes femininas me causa mais desconforto que o Jimmy. rs
bacio cara mia
Até o próximo conto de Clarice
Love these post.
ResponderExcluirRegards.
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Amei as suas colocações, amiga! Toque de sutileza e ao mesmo nos oferecendo um recorte perfeito do que vem a ser esse conto, que é tão levinho, tão gostoso de se ler! Sem contar toda a apresentação da autora e sua obra!Amo estar aqui! Sabe disso, né? Parabéns, mais uma vez, grande beijo e que venha o próximo conto!
ResponderExcluirEsse eu ainda não conhecia! Bem legal!
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