[Resenha] Mensageira da Sorte

MENSAGEIRA DA SORTE

Autora: Fernanda Nia | Ano: 2018 | Páginas: 424
Editora: Plataforma 21 | Skoob



Na trama, acompanhamos Cassandra ou Sam, que após a perda de seu pai de forma muito traumática, volta com a mãe para o Rio de Janeiro, para morar em Lagoinha, um bairro teoricamente tranquilo. 

A cidade sofre com manifestações contra a Alcorp, uma corporação que dominou o Rio de Janeiro e está subindo os preços de todos os produtos no mercado. E tudo o que as duas querem é ficar longe de qualquer conflito.

Porém, em um dia, ao voltar para seu prédio ela se depara com uma dessas manifestações, bem em frente a portaria. E nesse momento, o destino coloca em seu caminho uma Mensageira da Sorte, que ferida, precisa de uma substituta. Sam assume seu lugar como estagiária no Departamento.

O DCS (Departamento de Correção da Sorte) é uma organização extranatural responsável por nivelar a sorte das pessoas. Ela passa a receber presságios e precisa entregá-los aos destinatários. O primeiro é Leandro, um youtuber em ascensão e seu vizinho.



É o que a pessoa tem a dizer, e não o que ela aparenta ser, que nos entrega as peças do quebra-cabeças que a define de verdade. Por mais que seja impossível completá-lo, quanto mais ouvimos, e quanto mais peças juntamos, mais podemos entender quem aquela pessoa realmente é.




Comecei a ler Mensageira da Sorte de forma despretensiosa e me deparei com uma história que vai além de uma fantasia ou um romance. O livro retrata um grande problema brasileiro, a força daqueles que detém o poder e  que de forma corrupta, podem fazer o que bem quiser.

Apertei os lábios, sem saber o que dizer a mais. É difícil lidar com a perda em palavras, quando a morte só fala a linguagem da dor.

A Alcorp é um exemplo claro do que vivemos nos dias de hoje, o abuso de poder. E neste cenários temos as manifestações, alguns buscando por melhorias, outros aproveitando para cometer crimes. E nisso tudo, a polícia, que não distingue quem é quem na multidão.



A escrita da autora é fluída e sarcástica e ela não mede esforços para demonstrar uma realidade cruel tão presente em nossas vidas. Além das manifestações em pedido de melhorias em uma sociedade  descrente, temos também temas como perdas e lutos. Ambos personagens passaram por momentos difíceis e tentam superar seus fantasmas.


[...] Corresponder aos sentimentos de alguém sempre significa entregar um pouco de você mesmo para o outro. E não estava pronta para deixar alguém explorar quem eu realmente era tão minuciosamente assim.


E claro, temos romance, que chega com muitos obstáculos e receios. Sam foi muito bem construída e é nítido seu amadurecimento durante a história. 

Gostei muito da ideia de existir tal departamento e toda parte critica, a única ressalva que faço é que algumas partes do livro, achei que se estendeu um pouco demais, mas nada que atrapalhe a leitura de forma alguma.

Enfim, uma leitura altamente recomendável. A capa é muito fofa e a diagramação perfeita!



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