[Resenha] Golpe de 1964

GOLPE DE 1964 - Verdade Histórica

Almir Passo
Editora InVerso | 2020 | 108 páginas
Recebido em parceria com a Editora



Em tempos de ânimos acirrados na política, discussões intermináveis sobre como conduzir o país, se à esquerda ou direita, Almir Passo traz um texto sintético, mas incisivo sobre o regime militar brasileiro, por que o classifica como golpe e o valor inalienável da democracia. 

Ernesto Geisel (presidente de 1974 a 1979) disse a seu jornalista preferido e confidente, Elio Gaspari, em 1981: “O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João Goulart. Foi um movimento contra, e não por alguma coisa. Era contra a subversão, contra a corrupção. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução.” 

O autor cumpria mandato de deputado a época do golpe, cassado de maneira arbitrária pelo regime. Mas não fala desses 21 anos de ditadura de maneira rancorosa ou vingativa; trata o assunto como uma experiência que deixou marcas, sim, e acima de tudo como um aprendizado. A lembrança é um exercício mental, cognitivo, para que não se repita tal erro



Almir conta fatos das entrelinhas do poder que viabilizaram um regime já falido, antes mesmo de começar. Fala do valor das ideias e da implantação de políticas pelo convencimento, ou seja, provando seu valor e aplicabilidade. A imposição de ideias pela força das armas nunca dá certo. 

“O despreparo ou subserviência dos novos detentores do poder era tão grande que o Ministro do Exterior do governo Castelo Branco proclamou alto e bom som: O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.” 

Também relata as interferências de nações estrangeiras na política brasileira e preço que temos de pagar pelos “favores” recebidos. Tudo documentado publicamente e até mesmo confirmado por depoimentos e entrevistas com militares da época. 

“As nações não têm amigos, mas, sim, interesses a defender. As nações ricas, que dominam a economia, não têm interesse em fortalecer a economia dos países subdesenvolvidos, criando concorrentes comerciais.” 



Este livro é um apelo ao bom senso e à amizade entre os brasileiros, deixando de lado a nostalgia e o rancor por período triste que vivemos, mas que deveria nos unir ainda mais, pelo bem comum e em prol do fortalecimento do país e do bem estar de todos. 

O autor discorre sobre o valor do respeito à constituição e às leis vigentes, como moderadores das atitudes apaixonadas e descabidas em momentos de crise, tendo em vista que a constituição foi delineada num momento de calma e serenidade. 

Livro indispensável para o momento que vivemos; para apaziguar e não segregar.


2 comentários

  1. Olá,
    Esse parece ser aquele livro que todos devem ler em algum momento. Só haverá crescimento quando houver conhecimento, e conhecer melhor sobre essa parte importantíssima da história do Brasil faz a diferença.

    Beijo!
    www.amorpelaspaginas.com

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  2. Uau! Que livro! E que resenha! Eu gosto muito de obras que tratam da história, principalmente referente à política do nosso país. Importantíssimo à nossa construção enquanto cidadãos. E essa etapa foi caótica, não é verdade? Abraços!

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