Olá, queridos leitores!!!
Hoje é dia daquele projeto maravilhoso com Clarice Lispector, realizado com os amigos e parceiros, a Ana, do Café com Leitura, a Amanda, do Blog Sobre a Leitura e o Gustavo, do Leitura Enigmática.
O conto de fevereiro é o "A Imitação da Rosa". Vamos conversar um pouquinho à respeito dele?
“Laura tinha tal prazer em fazer da sua casa uma coisa impessoal; de certo modo perfeita por ser impessoal.”
Nesse conto, Laura é uma dona de casa e conforme vamos avançando na leitura, fica subentendido que ela acaba de retornar de uma temporada internada.
Ela aguarda seu marido Armando para que possam ir até a casa de Carlota, sua amiga de infância. E para se manter firme ela tenta deixar a casa mais arrumada possível, tudo em seu lugar.
É nítido que após seu retorno, Laura segue uma rotina perfeita. E para completar e seguir ordens médicas, ela toma um copo de leite todos os dias, em determinado horário, mesmo que esteja sem vontade, para assim evitar qualquer sintoma de ansiedade.
Porém, apesar de todo cuidado, Laura sente que nunca será uma "pessoa perfeita". Não nesse mundo.
Até que ela se depara com um ramalhete de rosas e começa a pensar o quanto eram lindas e perfeitas. Ela decide presentear Carlota, mas hesita, até que sua empregada as leva embora.
Quando Armando chega ele se depara com Laura parada onde estariam as rosas.
"Voltou, Armando. Voltou... Não pude impedir. Voltou."
Esse conto é um pouco mais longo e lento, e confesso que em alguns momentos eu tive alguma dificuldade para entender o que realmente acontecia com Laura. E isso acabou despertando mais ainda meu interesse na leitura.
É claro que Laura não está bem, toda essa questão de deixar tudo certinho e a submissão diante das coisas, senti que era como se tudo estivesse arrumado e perfeito por fora, assim estaria ela internamente e assim estaria dentro dos valores impostos pela sociedade.
Nesse conto posso dizer que temos uma grande epifania através de Laura. Ela não passa por nenhum sofrimento físico, mas seu psicológico está extremamente abalado em seus conflitos interiores.
As rosas trouxeram o momento decisivo e de reflexão. Laura viu nas rosas a si mesma. A mulher. A beleza e perfeição feminina sendo admiradas, mas não sendo reconhecido o lado das qualidades internas, do que realmente representa uma mulher.
Com certeza uma reflexão profunda e o se reencontrar como mulher.
CLARICE LISPECTOR - Todos os Contos
Editora: Rocco
Ano: 2016
Páginas: 656
Mais um conto incrível que fala com muita propriedade sobre o interior feminino, suas angústias e anseios. Clarice conseguia expressar na escrita todas essas nuances, sempre é um deleite ler suas obras e enaltecer seu talento!
ResponderExcluirÉ absolutamente genial a sutileza com que Clarice Lispector falava de assuntos que estão extremamente em alta agora em uma época em que o tabu era mil vezes maior, né? Essa mulher é genial e maravilhosa... Deve estar sendo uma delícia passar o ano todo ao lado dela!
ResponderExcluirOi, amiga! Como vai? A minha resenha sairia hoje, mas com contratempos, infelizmente não consegui. Eu confesso que achei o conto mais lento mesmo, talvez por Laura ser tão conformada, aí menos aparentemente, sei lá. Mas gostei. Gosto desses incômodos que Clarice nos provoca. Assim como amei, pra variar, a sua bela resenha! Aliás, que foto bela a segunda que traz aqui no blog! Parabéns! Bjs
ResponderExcluirOlha, esse conto sem dúvidas foi um dos mais, eu diria, enigmáticos da Clarice. Tive uma certa dificuldade de decifrá-lo mas acho que ele tem esse brilho justamente por trazer diversas interpretações, você já viu algumas coisas que eu vi diferente e isso é o máximo.
ResponderExcluirA cada conto me encanto mais.
Beijos