Olá, pessoal!! Como estão?
Hoje é dia do projeto maravilhoso #12MesesComClarice2019, do qual participo com os blogs amigos: Café com Leitura, da Ana, blog Sobre a Leitura, da Amanda e Leitura Enigmática, do Gustavo.
O conto desse mês é "Devaneio e Embriaguez duma Rapariga". Vamos falar um pouquinho sobre ele?
Pelo quarto parecia-lhe estarem a se cruzar os elétricos, a estremecerem-lhe a imagem refletida. Estava a se pentear vagarosamente diante da penteadeira de três espelhos, os braços brancos e fortes arrepiavam-se à frescurazita da tarde. Os olhos não se abandonavam, os espelhos vibravam ora escuros, ora luminosos.
O conto traz uma mulher portuguesa, casada e com filhos, e que mora no Brasil.
Em um dia em que os filhos não estão em casa, ela resolve tirar um momento só para sim. Em uma situação atípica, ela sai da rotina de dona de casa, de mãe e esposa. Passa o dia na cama em devaneios. O marido chega a pensar que a esposa esteja doente.
Ela ainda à cama, tranquila, improvisada. Ela amava... Estava previamente a amar o homem que um dia ela ia amar. Quem sabe lá, isso às vezes acontecia, e sem culpas nem danos para nenhum dos dois. Na cama a pensar, a pensar, quase a rir como a uma bisbilhotice. A pensar, a pensar. O quê? ora, lá ela sabia. Assim deixou-se a ficar.
A embriaguez que está no título do conto acontece em um restaurante que nossa protagonista vai com o marido e um cliente deste.
Novos devaneios acontecem...
Este é um texto mais longo da autora, mas não quero falar muito para não acabar entregando o conto inteiro.
Apesar do texto trazer aquela característica de conflito feminino das personagens de Clarice, eu senti mais leveza na narração desse. Nossa protagonista traz vários questionamentos e o que acho legal na autora, é que podemos ter a possibilidade de interpretá-los da nossa forma. Ás vezes, dependendo até mesmo, do momento que estamos passando.
Um ponto interessante do conto é quando a protagonista começa a reparar outra mulher e faz uma "super reflexão de vida". Por essa pessoa estar bem vestida, ser atraente e estar usando um chapéu elegante. Ela se sente desnudada em relação a outra. Ou seja, senti que ao mesmo tempo que a personagem se mostra profunda, de personalidade, ela se perde em suas inseguranças.
Oh, como estava humilhada por ter vindo à tasca sem chapéu, a cabeça agora parecia-lhe nua. E a outra com seus ares de senhora, a fingir de delicada.
Um texto mais lírico se comparado aos contos anteriores e que eu gostei muito.
CLARICE LISPECTOR - Todos os Contos
Editora: Rocco
Ano: 2016
Páginas: 656
É incrível pensar sobre o que ela escrevia, na época que escrevia, da forma como escrevia. Esse efeito que ainda causa, imagine no contexto da época quando foram escritos? Imaginar causa espanto, mas acho que nem a mente mais criativa conseguiria replicar uma pequena porcentagem da real sensação de um leitor nas décadas em que foram escritas, conceitos sociais inimagináveis se comparados com os de hoje. Acho que isso torna as obras dela ainda mais fascinantes.
ResponderExcluirEsse projeto tá lindo hein fê!
ResponderExcluirFico morrendo de vontade de ir comprar o meu a cada resenha sua!
A autora consegue passar um mundo de reflexões em tão poucas palavras!
osenhordoslivrosblog.wordpress.com