[Resenha] O Jogador

O JOGADOR - Do diário de um jovem

Autor: Fiódor Dostoiévski | Ano: 2012 | Páginas: 191
Editora: Martin Claret | Skoob



Mais uma vez venho trazer a vocês minhas impressões sobre o russo Dostoiévski, reconhecidamente um dos maiores escritores de sua nacionalidade, entre os grandes mundiais. 

Sempre muito lembrado pela característica de ressaltar o sofrimento psicológico de seus personagens, em O Jogador não é diferente. Novamente somos imersos nos sentimentos do protagonista, quanto às suas aspirações e fraquezas. 

O título deixa bem claro sobre o que a história tratará. Alexei Ivánovitch conta suas experiências com o jogo e a incansável esperança, que permeia seu inconsciente, de, através da sorte, ganhar uma fortuna que lhe garanta um futuro abastado. 

Num ambiente de cassino, desenvolvem-se os diálogos entre os personagens. Temos sempre a sensação de estarem em um local de luz baixa e o som da roleta a girar; o assédio dos oportunistas é constante, como urubus a espreitar a próxima carniça.



Alexei é um cara muito bem instruído, mas refém de seu vício; trabalha como preceptor dos filhos do general e é apaixonado por Polina, enteada desse mesmo homem. Ele passa a relatar a sua rotina, e também dos outros hóspedes de um hotel, numa cidade fictícia chamada Roletemburgo, na Alemanha. 

Há alguns personagens com os mais variados interesses em torno do general, que, por sua vez deposita todas as suas esperanças na morte da tia rica e a consequente herança por vir. As notícias que todos tinham, até então, é que a tal velha estava a um passo da morte, mas são surpreendidos por ela chegando ao hotel, sentada numa cadeira carregada por empregados e lúcida. 

Antonida Vassilievna, a tia, tem um modo muito próprio de se portar. Não faz uso do “politicamente correto”, nem é polida nas palavras, causando constrangimento a quase todo mundo ao seu redor. Isso muito por causa de sua riqueza e da dependência que muitos possuem do seu dinheiro. Ela toma certa simpatia por Alexei e por Polina, poupando-os de grande parte de seus destemperos; convida Alexei a lhe apresentar as tais roletas do cassino e a permanecer com ela na jogatina. 

A titia ainda não havia experimentado tal sensação, a do jogo. E mesmo sendo orientada por Alexei a ter moderação e usar de alguma estratégia, de maneira intransigente passa a perder vultosas quantias no cassino. 

Aquilo não é novidade para ele, que luta diariamente para não se render aos delírios do jogo. Muitos lhe convidam a jogar e isso o corrói! 

Alexei conhece muito bem a degradação do homem pelo jogo, porque não basta ganhar para deixá-lo; é algo que consome tudo nele – o desejo e até mesmo o amor por Polina. É uma compulsão irremediável, que o leva do céu ao inferno todos os dias, e agora está também testemunhando o mesmo em Antonida. 

Muitos entram em desespero com o dinheiro que a titia está desperdiçando, e a tensão toma conta do ambiente. O general é o que mais fica afetado, pois possui uma grande dívida que pretendia pagar com a herança dela. 

Alexei também precisa lidar com vício, já que sua vida está se despedaçando, apesar da erudição, por conta de seu descontrole com as roletas.




O teor psicológico está sim presente nessa obra, apesar de eu esperar mais do que senti. Meu primeiro contato com o escritor foi em Crime e Castigo, onde as sensações são muito mais afloradas, o medo é bem mais evidente e culpa persegue de modo implacável. 

Mas não pense que o texto deixa a desejar, dentro do que se propõe, pois na verdade é apenas menos elaborado que o outro. Há quem diga que a história baseia-se na vida do próprio autor, viciado em jogos por muitos anos; e que também foi uma forma de levantar dinheiro para saldar dívidas dessa origem. 

Essa é mais uma obra super-recomendada a todos. Uma leitura para ampliar o horizonte nas experiências possíveis nesse amplo universo das histórias.



13 comentários

  1. Gostei muito da publicação :))


    Bjos
    Votos de uma óptima Sexta-Feira

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  2. oi!
    EU adorei a dica de livro :D não conhecia o trabalho do autor,a obra parece ser maravilhosa.

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  3. Oi, tudo bem? Esse é um autor que ainda não tive oportunidade de ler. Alguns foram indicados quando eu fazia faculdade de filosofia mas não consegui ler todos. Acho interessante toda a reflexão que títulos assim trazem. Beijos, Érika =^.^=

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  4. Não conhecia a autor e também não conhecia o livro. Eu adorei a sua resenha, parece ser um livro muito bom! 💖

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  5. Infelizmente não conhecia a obra mas gostei muito do enredo com certeza vou ler obrigada pela dica

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  6. Olaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
    Não conheci esse Autor, mas tem uma filosofia muito própria :)
    Beijokitaz












    www.devaneiosdemissl.com

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  7. Lendo Dostoiévski, que legal!!! Gosto demais desse escritor e esse livro ainda não conhecia, mas acabei de anotar aqui para comprar,pois essa história me aguçou demais a minha curiosidade e agora desejo saber dela na íntegra. Essa leitura ficará para agosto ou setembro, se tudo der certo.

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  8. Olá!

    Já li vários comentários positivos a respeito do autor, mas nunca tive a oportunidade de me aventurar entre suas histórias.
    Adorei essa trama, sua resenha me deixou curiosa para saber o que acontecerá com essa senhora no final.

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  9. Estava atrás de algo pra ler de algum escrito russo e tinha esquecido do Dostoiévski, valeu pela dica

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  10. Entendi que este livro não é tão envolvente quanto o Crime e Castigo, o que é compreensível uma vez que isso fica perceptível até pelo título do deste último. Mas sendo uma obra de Dostoiévski, imagino que seja uma leitura que vale muito a pena!
    Ótima a tua resenha!

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  11. Não conhecia esse autor, apesar de ele ser bem famoso pelo que você descreve. Eu adoro histórias que exploram questões psicológicas das pessoas, então fiquei bem interessado!

    Obrigado pela dica! ;)

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  12. Olá boa noite, tudo bem? Gostei da sua resenha é muito bem explicada e boa recomendação da obra. Não sou muito de ler autores russos. Achei legal esta ideia de trabalhar com o psicologico imagino que seja um otimo livro.

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  13. Parabéns pela resenha. Assunto complicado pois é um mal mais comum do que deveria ser. Bateu aquela curiosidade.

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