[Resenha] Dom Casmurro


DOM CASMURRO
Autor: Machado de Assis
Editora: Paulus
Ano: 2002
Páginas: 190
Skoob


SinopseMachado de Assis (1839-1908), escrevendo Dom Casmurro, produziu um dos maiores livros da literatura universal. Mas criando Capitu, a espantosa menina de “olhos oblíquos e dissimulados”, de “olhos de ressaca”, Machado nos legou um incrível mistério, um mistério até hoje indecifrado. Há quase cem anos os estudiosos e especialistas o esmiúçam, o analisam sob todos os aspectos. Em vão. Embora o autor se tenha dado ao trabalho de distribuir pelo caminho todas as pistas para quem quisesse decifrar o enigma, ninguém ainda o desvendou. A alma de Capitu é, na verdade, um labirinto sem saída, um labirinto que Machado também já explorara em personagens como Vigília (Memórias Póstumas de Brás Cubas) e Sofia (Quincas Borba), personagens construídas a partir da ambiguidade psicológica, como Jorge Luís Borges gostaria de ter inventado.




Olá!!!

Hoje a resenha é pelo Desafio Cultura que participo. Como o tema da vez seria um livro com um triângulo amoroso, escolhi um dos meus clássicos favoritos: Dom Casmurro!

Em Dom Casmurro, obra esplêndida de Machado de Assis, temos a criação de Capitu, a menina dos olhos " de ressaca, oblíquos e dissimulados", e juntamente com ela, Machado nos legou um dos mais maiores e mais indecifráveis mistérios da literatura, houve ou não traição?



Logo no começo da obra vamos conhecer Bento Santiago, o Dom Casmurro, e ele começa a narrativa contando de onde veio esse apelido. Bentinho então, irá nos contar sua história, desde sua infância quando ele iria para um seminário e se tornaria padre, devido a uma promessa feita por sua mãe. No entanto, sem vocação e angustiado, Bentinho corre ao encontro de Capitu, sua vizinha e amiga desde muito cedo. 

Apesar de toda ajuda que Capitu tenta dar ao amigo, ele acaba indo para o seminário. Mas antes de ir, Bentinho promete a menina que vai voltar e se casar com ela.


“Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la, o espaldar da cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela rosto a rosto, mas trocados, os olhos de uma na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta razão a moveu.
-Levanta, Capitu!
Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e...
Grande foi a sensação do beijo”.



Durante o tempo em que Bentinho fica fora, Capitu se aproxima bastante da mãe dele. Dona Glória passa a ver a menina de outra forma e começa a levantar a possibilidade de um outro futuro para seu filho.

No seminário Bentinho conhece Escobar, o qual se torna seu amigo e quem no fim, acaba dando uma solução para a promessa feita por Dona Glória.




Com essa aproximação, Escobar acaba conhecendo Capitu. Bentinho vai para São Paulo finalizar seus estudos e quando retorna cumpre sua promessa e se casa com a moça. Ao mesmo tempo, Escobar também se casa com uma amiga de Capitu e os quatro dão início a uma amizade e convivência intensa.

Com o passar do tempo, Bentinho começa a levantar pensamentos sobre sua esposa e seu melhor amigo e as coisas só pioram quando Capitu dá à luz a Ezequiel.

"Os instantes do diabo intercalavam-se nos minutos de Deus, e o relógio foi assim marcando alternativamente a minha perdição e a minha salvação."

A história de Machado de Assis é um dos meus clássicos favoritos, uma obra completa em todos os sentidos. A trama bem elaborada pelo autor nos deixa até hoje com um imenso ponto de interrogação sobre a fidelidade ou não de sua personagem.



Ao mesmo tempo ele nos apresenta um Bentinho um tanto ambíguo,  o que levanta outra dúvida quanto sua sanidade e seus pensamentos diante de Capitu. E com isso, temos somente sua versão dos fatos para nos basear. Seria o ciúmes um vilão tão gigante que poderia colocar coisas onde não existiam na verdade? Fica ai a dúvida.


"Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada."


Se Capitu traiu o não é a grande questão, cada leitor terá sua opinião e seu julgamento final, ou seja, o autor passou para nossas mãos essa conclusão.

Eu particularmente, acho que foi tudo fruto de uma imaginação doente no ciúmes, no entanto, ainda, às vezes, me deparo com a dúvida. rs.

E vocês? Já leram Dom Casmurro? O que acham?



2 comentários

  1. Oii Fernanda. Tudo bem?
    Eu ainda não li Dom Casmurro por completo mas quando completar a obra também será por conta do desafio literário. Gostei bastante da sua resenha e sinceramente acho que ela traiu. Dizem que quando amamos de mais ficamos com medo de perder a pessoa amada e também vendo coisas que não existem. Mas pelo andar da carruagem no começo do livro Bentinho parece ser são e para ele mudar tanto imagino que exista um motivo.
    Beijos.

    Fantástica Ficção

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  2. Primeira vez aqui em seu blogue, e obvio, não consegui não ficar nesse post porque li Dom Casmurro várias vezes e amo o Bentinho e sua insanidade. A maneira como se pune por desejar a morte da mãe. Eu sempre achei a Capitu parecida com a mãe dele e sempre enxerguei uma espécie de transferência em Bentinho. Adoro a maneira como Machado molda seus personagens, mas confesso que o ritmo dele me aborrece um pouco. É tudo tão lendo e demorado e eu que sou ansiosa, mesmo depois de tantas leituras, quero que tudo se dissolva.
    Acho que sou uma das poucas pessoas que não liga para o questionamento levantado sobre Capitu. Para mim é totalmente irrelevante. É apenas mais um desdobramento da mente conturbada da personagem e seu conflitos humanos.

    Agora vou conhecer seu blogue porque já vi que vou alimentar meu olhar por aqui.
    Adoro quando descubro novos horizontes com os quais me enncatar.

    bacio

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